Quando se trata de alguma doença ou necessidade especial, sempre venho aqui dar relatos de alunos que tive, de superação. Desta vez será diferente, é minha vez.

Hoje vou lhes contar a minha história e como o hipismo me fez seguir firme e não deixar que um problema de saúde me derrubasse.

Thaty e Formosa
Thaty e Formosa

Há um ano comecei a ter uns surtos que não conseguia compreender, vivia no hospital em pronto socorro e cheguei a ser internada algumas vezes. Comecei assim a buscar o que poderia estar acontecendo comigo, pois a cada surto eu ficava mais debilitada ainda.

Passei por vários médicos, fiz uma bateria enorme de exames, alguns bem desagradáveis.  Porém nunca havia uma resposta, era médico passando a bola para outro e todo mundo tirando o corpo fora!

Até que um amigo da família me indicou um médico de família, um estudioso, especialista em doenças raras. Só de conversar com ele e relatar tudo que eu havia passado ele matou a charada e já tinha uma ideia do diagnóstico.

Passei por mais uma bateria de exames para descartar outras possibilidades e “concluímos” o caso. Coloco entre aspas pois a medicina não é uma ciência tão exata quando se trata de doenças raras, entretanto batemos o martelo em Esclerose Múltipla.

Mas o que é isso, segue abaixo um pequeno resumo do que se trata e os sintomas aplicados a mim:

“Doença em que o sistema imunológico destrói a cobertura protetora de nervos.”

Rara – Menos de 150 mil casos por ano (Brasil)

O tratamento pode ajudar, mas não é possível curar esta doença

Requer um diagnóstico médico

Cronica: pode durar anos ou toda a vida

Na esclerose múltipla, as lesões nos nervos causam distúrbios na comunicação entre o cérebro e o corpo.

A esclerose múltipla causa muitos sintomas diferentes, entre eles perda da visão, dor, fadiga e comprometimento da coordenação motora. Os sintomas, sua gravidade e duração variam conforme a pessoa.

 Alguns indivíduos podem não apresentar sintomas por quase toda a vida, enquanto outros têm sintomas crônicos graves que nunca desaparecem.

Fisioterapia e medicamentos que suprimem o sistema imunológico podem ajudar a combater os sintomas e retardar a progressão da doença.

Sintomas ou condições:

  • Nos músculos: dificuldade para caminhar, fraqueza muscular, incapacidade de mudar rapidamente os movimentos, músculos rígidos, problemas de coordenação, rigidez muscular, espasmos musculares ou reflexos hiperativos
  • Corpo inteiro: fadiga, falta de equilíbrio, intolerância ao calor, tontura ou vertigem
  • Sensorial: formigamento, formigamento e queimação desconfortável ou redução na sensação de tato
  • Na visão: perda de visão, visão dupla ou visão embaçada
  • No humor: ansiedade ou mudanças de humor
  • Também é comum: dificuldade em pensar e compreender, dor de cabeça, dormência na língua, dormência no rosto, privação de sono ou tremor durante movimentos precisos

Consulte um médico para obter aconselhamento

Origens: Hospital Israelita A. Einstein .

Agora é só imaginar como fiquei no princípio. Coisas comuns para pessoas normais se tornaram meu pior pesadelo, tenho pavor de escadas, toda vez que eu chego perto de uma me pego pensando como faço para subir ou descer.

Cada desnível que tem no meio do caminho é um obstáculo difícil de ultrapassar. Subitamente minhas pernas falham, isso quando não perco o controle delas. E assim vai, só imaginar como lidar com os sintomas descritos acima.

Nos primeiros meses não encarei muito bem, fiquei 100% dependente de todos que me rodeavam. Não saía de casa desacompanhada, passava parte do tempo na cama, não conseguia fazer quase nada, estava deixando que a doença me consumisse aos poucos. Nem pegar minhas filhas no colo eu conseguia direito. E quanto mais você se abate, pior fica.

Thaty e Dimmy (filha)
Thaty e Dimmy (filha)

Até que voltei a encarar os treinos de hipismo de maneira mais séria. Vamos lá, subir no cavalo do chão virou um grande desafio, não tenho firmeza nas pernas, predominantemente na esquerda, o que já me rendeu uma queda.

Tive que começar a utilizar muito mais meu tronco e esquecer das pernas. No começo foi bem complicado e difícil, mas com persistência fui me achando. Hoje estou com problemas nas duas pernas, porém com o treinamento frequente e a persistência o esporte está indo muito bem.

Mas a melhor parte de tudo isso é bem simples, hoje não consigo ir onde quero, subir e descer, tenho extrema dificuldade de locomoção, porem quando estou em cima do cavalo sou livre, tenho pernas que funcionam, posso ir onde quero.

Quando estou no cavalo me da um “poder” de fazer o que quero, coisa que perdi. Eu sinto paz, me relaxa…

Com o cavalo voltei a ter vontade de vencer as barreiras, tive que me readaptar, no começo sempre é mais difícil, mas depois fica prazeroso, claro que não é algo que possa passar de 1h, meu corpo não aguenta.

Isso que o hipismo faz, não importa sua idade ou condição, sempre você vai conseguir montar, interagir. Tirando que é um esporte em conjunto, você e o animal, e o animal não te julga ele é parceiro, te apoia.

AryBotasSpur